Mademoiselle Chambon

Esse obscuro objeto do desejo1

Quand une femme dit 'non', elle veut dire 'peut-être';
quand elle dit 'peut-être', elle veut dire 'oui',
et quand elle dit 'oui', elle n'est pas une femme.

(Provérbio francês)

Domingo no campo. Após o piquenique familiar, o pequeno Jérémy apela aos pais diante de uma dificuldade com a gramática francesa. Onde se encontra o complemento do objeto direto em uma determinada frase do livro escolar de exercícios? Jean e Anne-Marie, pais do menino, se embaraçam com o problema. Há verbos que por sua natureza são transitivos, exigem um objeto que os complemente. Outros, ao contrário, que se sustentam intransitivamente. Afinal, onde está o objeto que complementa?

É em torno desta questão candente que gira o sóbrio e sutil filme de Stéphane Brizé, Mademoiselle Chambon (França, 2009). Trata-se menos de uma questão gramatical do que à primeira vista se poderia supor. O objeto de que se trata não complementa, mas causa. O desejo – parodiando o poeta – é intransitivo. Não transige nem tampouco faz apelo à complementaridade. Esta é sua – nossa – condição trágica, marcada por um desamparo intrínseco constitutivo. Ali mesmo onde não há objeto que venha apaziguar a falta de que somos (o e)feito(s), é preciso lançar-se sem rede nem garantia. Esta intransitividade fundamental é a estranha matéria de que é feito o (des)encontro entre Jean e Véronique Chambon, o constante pedreiro e a frágil violinista.

O texto completo você pode ler no PDF anexo.

https://psicanaliseliteratura.capile.net/arquivos/mademoiselle-chambon.pdf

Stéphane Brizé

Stéphane Brizé, Florence Vignon

Drama

França

101 minutos

Cinema