A ausente

Há tanto tempo que te amo

Há vários motivos para não amar uma pessoa,
e apenas um para amá-la: este prevalece.

(Carlos Drummond de Andrade)


Em uma entrevista concedida a um periódico de grande circulação Elsa Zylberstein, uma das atrizes do filme Il y a longtemps que je t’aime, do cineasta e escritor Philippe Claudel (França/Alemanha, 2008), define a relação entre as personagens centrais da trama afirmando que se trata, para estas, de estar “junto, mas separado: isso é real”, diz ela.
Apesar de parecer tão simples, essa atitude é rara. Implica em acolher o outro em sua radical alteridade. É o que se coloca para as irmãs Juliette (Kristin Scott Thomas, em atuação soberba) e Leah (Elsa Zylberstein), afastadas por um tempo excessivamente longo, sobretudo por um silêncio brutal e árduo em contornar. Trata-se, para ambas, de aceitar, ainda que não seja possível compreender.
Juliette Fontaine cometeu um crime inominável, em virtude do qual se tornara uma espécie de pária, tendo sido banida da palavra do outro, único domicílio possível – ainda que em exílio – para o sujeito humano. Vive uma vida privada de memória, movendo-se em um cotidiano carente de sentido, sem que possa vislumbrar alguma possibilidade de futuro. Mas é justamente isso o que está em jogo, (re)construir uma vida para si ali mesmo onde a vida desertou, sendo apenas uma sucessão de dias sem cor ou propósito. “Para quê?”, parece ser a pergunta não formulada que nubla o semblante da tristemente bela Juliette.

O texto completo você pode ler no PDF anexo.

https://psicanaliseliteratura.capile.net/arquivos/a-ausente.pdf

Philippe Claudel

Philippe Claudel

Drama

França, Alemanha

117 minutos

Cinema