Wallestein - 2ª referência

A citação encontra-se em “Os chistes e a sua relação com o inconsciente” (1905), na seção C, item VII, intitulado “Os chistes e as espécies do cômico”, páginas 205-206. Nesta passagem, Freud trata do sentimento cômico em situações de liberação de afeto, como o riso e o sofrimento.

A geração do afeto é a mais intensa de todas as condições que interferem no cômico e sua importância a este respeito tem sido universalmente reconhecida. Por esta razão tem-se dito que o sentimento cômico nasce com mais facilidade em casos mais ou menos indiferentes, onde não estejam envolvidos fortemente sentimentos e interesses. Mais precisamente nos casos onde há uma liberação de afeto pode-se observar uma diferença particularmente forte na defesa, produzido pelo automatismo da liberação. Quando o Coronel Butler (da tragédia de Schiller Wallenteins Tod) responde às advertências de Octavio, exclamando ‘com um riso amargurado’: ‘Agradecimentos da Casa da Áustria!’, sua amargura não o impede de rir. O riso aplica-se à lembrança do despontamento que acredita ter sofrido; por outro lado, a magnitude desse desapontamento não pode ser retratada de modo mais impressionante por um dramaturgo que pela demonstração de sua capacidade de impor a si mesmo um riso em meio à tempestade dos sentimentos liberados (Freud, 1996zz, p. 205-206).