Freud, Sigmund (1996tt). O mal-estar na civilização. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. XXI. Rio de Janeiro: Imago, 1996. (Obra original publicada em 1930[1929]).
A citação encontra-se em “O mal-estar na civilização” (1930 [1929]), seção VII, página 138. Nesta citação, Freud trata das duas tendências intrínsecas à vida do homem, o amor e a morte, representantes do dualismo pulsional que entra em cena a partir de 1920, a pulsão de vida e pulsão de morte. Ao embate entre estas duas tendências está ligado o sentimento de culpa, destacada neste verso de Goethe, presente em Wilhelm Meister.
Se a civilização constitui o caminho necessário de desenvolvimento, da família à humanidade como um todo, então, em resultado do conflito inato surgido da ambivalência, da eterna luta entre as tendências de amor e de morte, acha-se a ele inextricavelmente ligado um aumento do sentimento de culpa, que talvez atinja alturas que o indivíduo considere difíceis de tolerar. Aqui, somos lembrados da comovente denúncia dos ‘Poderes Celestes’, feita pelo grande poeta:
Ihr führt in’s Leben uns hinein, Ihr last den Armen schuldig weren, Dann überlasst Ihr den Pein, Denn iede Schuld rächt sich auf Erden.¹
Nota de rodapé 1: [Uma das canções do Harpista no Wilhelm Meister, de Goethe.
À Terra, a esta Terra cansada, nos trouxestes, À culpa nos deixastes descuidados ir, Depois deixastes que o arrependimento feroz nos torturasse, A culpa de um momento, uma era de aflição!
O primeiro verso aparece como associação a um sonho no pequeno livro de Freud Sobre os Sonhos (1901a), Edição Standard Brasileira, Vol. V, págs. 675 e 677, IMAGO Editora, 1972.] (Freud, 1996tt, p. 138).
Goethe, Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister
10/11/2025 00:00