Macbeth - 8ª referência

Freud, Sigmund (1996o). Conferências introdutórias sobre psicanálise (partes I e II). In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. XV. Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1917).

A citação encontra-se em “Conferências introdutórias sobre psicanálise” (1917 [1916-17]), na Conferência V: dificuldades e abordagens iniciais, página 101. Freud, nesta passagem, trata da elaboração onírica, deixando claro que não apenas reproduz um estímulo, mas, sim, o articula a outros elementos, constrói alusões a ele, etc. Dessa forma, o estímulo, ainda que sirva como ponto de partido para um processo, não precisa sustentá-lo integralmente. A partir disso, menciona Macbeth, cujo conteúdo surgiu a partir de um acontecimento histórico, mas não se encerra necessariamente neste:

Observemos, no entanto, uma peculiaridade da vida onírica que vem à luz neste estudo dos efeitos dos estímulos. Os sonhos não fazem simplesmente reproduzir o estímulo; eles o vertem, fazem alusões a ele, o incluem em algum contexto, o substituem por alguma outra coisa. Esse é um aspecto da elaboração onírica que não pode deixar de nos interessar, porque pode, talvez, nos aproximar mais da essência dos sonhos. Quando uma pessoa constrói algo em consequência de um estímulo, o estímulo não necessita, por isso, levar a cabo todo o trabalho. O Macbeth de Shakespeare, por exemplo, foi uma piece d’occasion composta para celebrar a elevação do trono do rei que foi o primeiro a unir as coroas dos três reinos. Essa ocasião histórica imediata, porém, abrangeria todo o conteúdo da tragédia? Explica todas as suas grandezas e os seus enigmas? Pode ser que os estímulos externos e internos, também, atingindo a pessoa em sono, sejam apenas provocadores do sonho e, por conseguinte, nada nos revelem de sua essência (Freud, 1996n, p. 101).

Shakespeare, Macbeth

08/11/2025 00:00