Júlio César - 6ª referência

Freud, Sigmund (1996ddd). O Estranho. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud Vol. XVII. Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1919).

A citação encontra-se em “O estranho” (1919), página 267. Freud se fundamenta nas criações literárias de Shakespeare, que abarca temas sobrenaturais com questões humanas, para tratar da dimensão de criação que o escrito literário possui. Desta forma, não é porque um romance se produz pela atividade criativa de um escritor que seu tema deve ser relegado ao campo da pura fruição estética. Aponta, assim, para a relação entre realidade e fantasia.

O escritor criativo pode também escolher um cenário que, embora menos imaginário do que os dos contos de fada, ainda assim difere do mundo real por admitir seres espirituais superiores, tais como espíritos demoníacos ou fantasmas dos mortos. Na medida em que permanecem dentro do seu cenário de realidade poética, essas figuras perdem qualquer estranheza que possam possuir. As almas no Inferno de Dante, ou as aparições sobrenaturais no Hamlet, Macbeth ou no Júlio César, de Shakespeare, podem ser bastante obscuras e terríveis, mas não são mais estranhas realmente do que o mundo jovial dos deuses de Homero. Adaptamos nosso julgamento à realidade imaginária que nos é imposta pelos escritos, e consideramos as almas, os espíritos e os fantasmas como se a existência deles tivesse a mesma validade que a nossa própria existência tem na realidade material. Também nesse caso evitamos qualquer vestígio do estranho (Freud, 1996ddd, p. 267, grifos do original).

Shakespeare, Júlio César

08/11/2025 00:00