Freud, Sigmund (1996ooo). Reflexões para os tempos de guerra e morte. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. XIV. Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1915).
A citação encontra-se em “Reflexões sobre os tempos de guerra e morte” (1915), no item II - “Nossa atitude para com a morte”. Nesta passagem, Freud trata da morte e de como evitamos o assunto, embora este constitua o processo humano. Para isso, elabora uma afirmação que, segundo nota do editor, diria respeito a uma passagem de Henrique IV:
O segundo fator ao qual atribuo nosso atual sentimento de alheamento deste mundo outrora belo e conveniente é a perturbação que ocorreu na atitude que, até o momento, adotamos em relação à morte. Essa atitude estava longe de ser direta. A qualquer um que nos desse ouvidos nos mostrávamos, naturalmente, preparados para sustentar que a morte era o resultado necessário da vida, que cada um deve à natureza uma morte e deve esperar pagar a dívida — em suma, que a morte era natural, inegável e inevitável. Na realidade, contudo, estávamos habituados a nos comportar como se fosse diferente. Revelávamos uma tendência inegável para pôr a morte de lado, para eliminá-la da vida [...] (Freud, 1996ooo, p. 299).
Há uma nota do editor que aponta que Freud provavelmente retirara a frase “cada um deve à natureza uma morte” de Henrique IV:
Uma reminiscência da observação feita pelo Príncipe Hal a Falstaff, em Henrique IV, v, 1: ‘Deves a Deus uma morte’. Esta era uma citação errônea predileta de Freud. Ver, por exemplo, A Interpretação de Sonhos, Edição Standard Brasileira, vol. IV, pág. 217, Imago Editora, 1972, e uma carta a Fliess de 6 de fevereiro de 1899 (Freud, 1950a, Carta 104), na qual ele explicitamente atribui a Shakespeare (Strachey, 1996ooo, p. 299, grifos do original).
Shakespeare, Henrique IV
08/11/2025 00:00