Hamlet - 29ª referência

Freud, Sigmund (1996ttt). Construções em análise. In Edição standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. XXIII. Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1937).

Encontra-se em “Construções em análise” (1937), página 276. Freud recorre a fala de Polônio, personagem da peça Hamlet, de William Shakespeare, para apontar algo concernente à clínica psicanalítica. Para Freud, o efeito de uma intervenção do analista não pode ser aquilatado por uma resposta de “sim” ou “não” do paciente. Antes, o que determina a efetividade de uma construção são as associações que o paciente pode fazer a partir dela. Assim, Freud considera que o analista pode errar e fazer uma construção falsa (ainda que o paciente possa concordar com ela), que seria caracterizada pela falta de associações do paciente.

O que realmente ocorre em tal caso é antes o fato de o paciente permanecer intocado pelo que foi dito e não reagir nem com um ‘sim’ nem com um ‘não’. Isso tem possibilidade de não significar nada mais senão que sua reação é adiada; se, porém, nada mais se desenvolve, podemos concluir que cometemos um equívoco, e admitiremos isso para o paciente em alguma oportunidade apropriada, sem nada sacrificar de nossa autoridade. Essa oportunidade surgirá quando vier à luz um novo material que nos permita fazer uma construção melhor e, assim, corrigir nosso erro. Dessa maneira, a construção falsa é abandonada, como se nunca tivesse sido feita, e, na verdade, frequentemente ficamos com a impressão de que, tomando de empréstimo as palavras de Polônio, nossa isca de falsidade fisgou uma carpa de verdade.*

  • [Palavras de Polônio a Reinaldo, Hamlet, Ato II, Cena I (N. do T. Brasileira).] (Freud, 1996ttt, p. 276).

Shakespeare, Hamlet

08/11/2025 00:00