Freud, Sigmund (1996sss). Luto e melancolia. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. XIV. Rio de Janeiro: Imago (Obra original publicada em 1917).
A citação encontra-se em “Luto e melancolia” (1917), em uma nota de rodapé, página 252. Nesta passagem, Freud descreve o modo como os melancólicos costumam se descrever e menciona Hamlet, ao afirmar que a opinião do personagem acerca de si mesmo e dos demais é semelhante ao conteúdo desses pensamentos melancólicos:
[...] O paciente também nos parece justificado em fazer outras auto-acusações; apenas, ele dispõe de uma visão mais penetrante da verdade do que outras pessoas que não são melancólicas. Quando, em sua exacerbada auto-crítica, ele se descreve como mesquinho, egoísta, desonesto, carente de independência, alguém cujo único objetivo tem sido ocultar as fraquezas de sua própria natureza, pode ser, até onde sabemos, que tenha chegado bem perto de compreender a si mesmo; ficamos imaginando, tão-somente, por que um homem precisa adoecer para ter acesso a uma verdade dessa espécie. Com efeito, não pode haver dúvida de que todo aquele que sustenta e comunica a outros uma opinião de si mesmo como esta (opinião que Hamlet tinha a respeito tanto de si quanto de todo mundo), está doente, quer fale a verdade, quer se mostre mais ou menos injusto para consigo mesmo. (Freud, 1996sss, p. 252).
Acompanha este trecho a primeira nota de rodapé da página, que se refere a uma passagem de Hamlet, transcrita a seguir:
Dê a cada homem o que merece, e quem escapará do açoite? (Ato II, Cena II).
Shakespeare, Hamlet
08/11/2025 00:00