Hamlet - 19ª referência

Freud, Sigmund (1996rrr). O Moisés de Michelangelo. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. XIII. Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1914).

A citação encontra-se em “O Moisés de Michelangelo” (1914), página 224. Nesta passagem, Freud aborda as obras de arte que captam uma expressiva atenção do público. Afirma, a partir disso, que a intenção do artista está relacionada ao despertar de atitudes emocionais no público, mas sem necessariamente expressar em palavras. Quanto a isso, Freud afirma caber à psicanálise o trabalho de interpretação de tais obras, a fim de encontrar o que fundamenta tal afetação. Assim, menciona Hamlet, de Shakespeare:

Consideremos a obra-prima de Shakespeare, Hamlet, peça hoje com mais de três séculos. Tenho acompanhado de perto a literatura psicanalítica e aceito sua pretensão de que somente depois de ter tido o material da tragédia sua origem remontada pela psicanálise ao tema edipiano é que o mistério do seu efeito foi por fim explicado. Mas antes que isso fosse feito, que volume de esforços interpretativos diferentes e contraditórios, que variedade de opiniões sobre o caráter do herói e as intenções do dramaturgo! Pede Shakespeare a nossa simpatia para um homem doente, um alfenim fracassado ou um idealista que simplesmente é bom demais para o mundo real? E como muitas dessas interpretações nos deixam frios! – tão frios que em nada contribuem para explicar o efeito da peça, nos levando a pensar antes que o seu apelo mágico está apenas nos pensamentos impressionantes que expressa e no esplendor de sua linguagem. E, no entanto, esses próprios esforços não revelam a necessidade que sentimos de descobrir nela alguma fonte de poder além desses? (Freud, 1996rrr, p. 224).

Shakespeare, Hamlet

08/11/2025 00:00