Freud, Sigmund (1996zz). Os chistes e a sua relação com o Inconsciente. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. VIII. Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1905).
A citação encontra-se em “Os chistes e sua relação com o inconsciente” (1905), na parte A - A parte analítica, no capítulo II, intitulado “A técnica dos chistes”, página 43. Freud cita a peça shakespeariana como exemplo de expressões de duplo sentido ou um jogo de palavras. O segundo caso apontado pelo autor trata-se do duplo sentido que joga com os sentidos literal e metafórico da palavra. O duplo sentido e o jogo de palavras são técnicas há muito reconhecidas na formação de chistes, segundo Freud. A citação à peça shakespeariana comenta o chiste relatado.
(b) Duplo sentido procedendo dos significados literal e metafórico de uma palavra. Eis uma das mais férteis fontes da técnica dos chistes. Citarei apenas um exemplo: Um médico, meu amigo, afamado por seus chistes, disse certa vez a Arthur Schnitzler, o dramaturgo: ‘Não me surpreendo que você tenha se tornado um grande escritor. Afinal seu pai susteve um espelho para seus contemporâneos’. O espelho sustido pelo pai do dramaturgo, o famoso Dr. Schnitzler, era o laringoscópio. Um famoso dito de Hamlet fala-nos que o objetivo de uma peça, tanto quanto do dramaturgo que a cria, é ‘to hold, as were, the mirror up to nature; to show virtue her own feature, scorn her own image, and the very age and body of the time his form and pressure (suster, como se fora, um espelho à natureza; mostrar à virtude sua feição própria, ao escárnio sua própria imagem, ao torso e à longa idade do tempo sua forma e premência)’ (Freud, 1996, p. 43).
Shakespeare, Hamlet
08/11/2025 00:00