Götz von Berlichingen - 1ª referência

A citação encontra-se em “Caráter e erotismo anal” (1908), página 162. Freud remete-se a “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” (1905) para tratar da complexidade da sexualidade do homem, que resulta de diferentes e numerosos constituintes e pulsões. Segundo Freud, a excitação sexual passa por excitações periféricas de diferentes partes do corpo, como os genitais, boca, ânus, uretra, chamadas “zonas erógenas”. No entanto, aponta que apenas uma parcela destas zonas são usadas na vida sexual. O quantum de excitação que provém de partes não usadas para a atividade sexual são defletidas para outros fins, sendo, assim, sublimadas. Desta forma, Freud utiliza-se de um trecho da obra de Goethe para tratar de uma forma sublimada e abrandada de falar da carícia na zona anal a partir de uma expressão de linguagem. A expressão abranda, ao mesmo tempo que revela ao ato que sucumbiu ao recalque. Em nota de rodapé, Freud especifica em que parte da peça de Goethe esta expressão se encontra.

Ainda persiste hoje o convite a uma carícia na zona anal, como expressão de desafio ou desprezo, convite esse que corresponde na realidade a um ato de ternura que sucumbiu à repressão. A exibição das nádegas representa um abrandamento em gesto desse convite verbal. No Götz von Berlichingen de Goethe aparecem tanto as palavras quanto o gesto, em momento apropriado, como expressão de desafio (Freud, 1996vv, p. 162).

Nota de rodapé referente a esta citação:

A cena ocorre no Ato III, quando Götz é intimado por Herald a render-se. Nas versões posteriores da peça as palavras foram atenuadas (Freud, 1996vv, p. 162).