Masson, Jeffrey Moussaief (1986). Carta de 05 de dezembro de 1897. In A correspondência completa de Sigmund Freud para Wilhelm Fliess (1887-1904). Rio de Janeiro: Imago.
A citação encontra-se no capítulo intitulado “A teoria transformada”, conforme a divisão feita pelo editor das cartas, páginas 285-286. Nesta passagem, Freud trata de um sonho seu e elabora uma respectiva análise breve do mesmo, citando Fausto para tratar de como sua maneira de enxergar a si mesmo se modificou quando começou a estudar os fenômenos inconscientes:
Quando nos decidimos em favor de Praga da última vez, os sonhos tiveram uma grande parcela nisso. Você não queria ir a Praga, e ainda sabe porquê, e, ao mesmo tempo, sonhei que estava em Roma, andando pelas ruas e me sentindo surpreso diante do grande número de placas de rua e letreiros de lojas em alemão. Acordei e pensei, de imediato: com que, então, essa era Praga (onde as placas em alemão, como todos sabem, são necessárias). Portanto, o sonho havia realizado meu desejo de ir a seu encontro em Roma, e não em Praga. Aliás, meu anseio por Roma é profundamente neurótico. Está ligado a minha idolatria ginasiana pelo Aníbal semita e, de fato, este ano, também eu não cheguei até Roma, assim como ele não conseguiu atingi-la partindo do Lago Trasimeno. Desde que comecei a estudar o inconsciente, tornei-me muito interessante para mim mesmo. É uma pena que sempre se fique de boca fechada sobre as coisas mais íntimas.
Das Beste was Du weisst, Darfst Du den Buben doch nicht sagen (Masson, 1986, p. 285-286).
Há uma nota do editor esclarecendo a fonte dos versos e sua tradução:
Goethe, Fausto, Parte I, cena 4, onde o texto diz: “Das Beste was Du wissen kannst” [O que há de melhor não podes conhecer]. Aqui, o sentido é ‘O que se sabe de melhor não pode ser dito aos meninos’. (Masson, 1986, p. 286).
Goethe, Fausto
10/11/2025 00:00