Fausto - 39ª referência

Encontra-se em “O mal-estar na civilização” (1930 [1929]), seção VI, página 126. A partir de 1920, com a publicação do artigo “Além do princípio de prazer”, a teoria psicanalítica concebe a dualidade pulsional como pulsão de vida (Eros) x pulsão de morte (Tânatos). Uma das características da primeira seria a sua capacidade de criar laços e vínculos. Já a segunda, seria marcada pelo oposto, incapaz de criar e manter laços, ela os destrói. Nesta citação, Freud aponta que Mefistófeles, como uma personificação deste impulso destrutivo, atribuído da pulsão de morte, contrapõe-se à criação, atributo da pulsão de vida.

Em nota: “No Mefistófeles de Goethe dispomos de uma identificação excepcionalmente convincente do princípio do mal com o instinto destrutivo:

Denn alles, was entsteht, Ist wert, dass es zu Grunde geht... So ist dann alles, was Ihr Sünde, Zerstörung, kurz das Böse nennt, Mein eigentliches Element. [Pois todas as coisas, do Vácuo Invocadas, merecem ser destruídas... Assim, tudo o que como Pecado classificastes, Destruição, algo com o Mal mesclado, Esse é o meu próprio elemento.]

O próprio Demônio nomeia como seu adversário, não o que é santo e bom, mas o poder que a natureza tem de criar, de multiplicar a vida, ou seja, Eros: Der Luft, den Wasser, wie der Erden Entwiden tausend Keime sich, Im Trocjnem, Feuchten, Warmen, Kalten! Hätt’ich mir nicht die Flamme vorbehalten, Ich hätte nichts für mich. [Da Água, da Terra e do Ar a desdobrar-se, Um milhar de germes irrompe e cresce, No seco, no úmido, no quente e no frio. E, não tivesse eu a Chama reservada, pois, realmente, Nada possuo de especial para mostrar.]

Ambas as passagens são do Fausto, de Goethe, Parte I, Cena 3. Há uma alusão fugaz à segunda passagem no Capítulo I (G) de A Interpretação dos sonhos (1900a), Edição Standard Brasileira, Vol IV, p. 83, IMAGO Editora, 1972 (Freud, 1996tt, p. 126).