Fausto - 34ª referência

Freud, Sigmund (1996eee). Uma neurose demoníaca do século XVII. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. XIX. Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1923[1922]).

A citação encontra-se em “Uma neurose demoníaca do século XVII” (1923[1922]) no capítulo II, intitulado “O motivo para o pacto com o demônio”, página 97. Nele, Freud investiga o caso de Christoph Haizmann, um pintor que sofria de crises convulsivas e visões que alegava ter feito um pacto com o demônio em um momento de desalento em relação a sua arte. No trecho a seguir, Freud questiona o que levaria alguém a firmar um pacto desse tipo, remetendo-se a Fausto, de Goethe, pois este também fez um pacto com o demônio, Mefistófeles.

Se examinarmos esse compromisso com o Demônio como se fosse o caso clínico de um neurótico, nosso interesse se voltará, em primeira instância, para a questão de sua motivação, que, naturalmente, está intimamente vinculada à sua causa excitante. Por que alguém assina um compromisso com o Demônio? Fausto, é verdade, indagou desdenhosamente: ‘Was willst du armer Teufl geben?’ [‘O que tens a dar, pobre Diabo?’]¹ Mas ele estava errado. Em troca de uma alma imortal, o Demônio tem muitas coisas a oferecer, que são altamente prezadas pelos homens: riqueza, segurança quanto ao perigo, poder sobre a humanidade e as forças da natureza, até mesmo artes mágicas, e, acima de tudo o mais, o gozo – o gozo de mulheres belas. Esses serviços desempenhados ou empreendidos efetuados pelo Demônio são geralmente mencionados de modo específico no acordo que com ele é feito.² Qual, então, foi o motivo que introduziu Christoph Haizmann a fazer seu pacto?

Notas de rodapé: 1 [Fausto, Parte I, Cena 4.]

2 Cf. Fausto, Parte I, Cena 4: Ich will mich heir zu deinem Dienst verbiden, Auf deinem Wink nicht rasten und nicht ruhn; Wenn wir uns Drüben wieder finden, So sollst du mir das Gleiche thun.

[Aqui, escravo incanasável, usarei tua corda, E a todo aceno teu obediente serei; Quando , novamente, nos encontrarmos, Então farás o mesmo por mim.

(Tradução de Bayard Taylor.)]” (Freud, 1996eee, p. 97).

Goethe, Fausto

10/11/2025 00:00