Freud, Sigmund (1996zz). Os chistes e a sua relação com o Inconsciente. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. VIII. Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1905).
A citação encontra-se em "Os chistes e a sua relação com o Inconsciente” (1905), na parte B - “A parte sintética”, no capítulo IV, intitulado “O mecanismo do prazer e a psicogênese dos chistes”, páginas 118-119. Neste trecho, Freud assinala uma característica em comum nos diferentes métodos técnicos utilizados nos chistes: através de cada um deles, algo de familiar é redescoberto. Isto é, ali onde se esperaria surgir algo novo, há uma “redescoberta” de algo já conhecido, familiar. Esta redescoberta seria prazerosa ao sujeito, pois que se trata de uma economia de energia psíquica. Para tal, remete-se a um episódio da peça Fausto, de Goethe.
Parece que geralmente se concorda em que a redescoberta do que é familiar, o ‘reconhecimento’, é gratificante. Gross (1889, 153) escreve: ‘O reconhecimento é sempre conectado a sentimentos de prazer [...]. A simples qualidade da familiaridade é facilmente acompanhada pela calma sensação de conforto que Fausto sentiu quando, após um encontro misterioso, retomou outra vez seu estudo [Faust, Parte I, Cena 3]” Se o ato do reconhecimento suscita de tal modo o prazer, poderíamos esperar que aos homens ocorra a idéia de exercerem essa capacidade por ela mesma - isto é, a experimentariam como um jogo. De fato, Aristóteles considerou a alegria (procedente) do reconhecimento como o fundamento do prazer estético, e é indiscutível que não se deva desconsiderar esse princípio mesmo que ele não possua a abrangente importância que lhe foi atribuída por Aristóteles (Freud, 1996zz, p. 118-119).
Goethe, Fausto
10/11/2025 00:00