Freud, Sigmund (1996c). A interpretação dos sonhos. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. IV. Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1900).
A citação encontra-se em “A interpretação dos sonhos” no capítulo IV, intitulado “A distorção onírica”, página 157. Freud trata do sonho como realização de desejo, ainda que este apareça de forma distorcida, recorrendo a Fausto, de Goethe, para tratar de tais distorções.
Pareceu-me que essa seria uma descoberta de validade geral. É verdade que, como ficou demonstrado nos exemplos citados no Capítulo III, há alguns sonhos que são realizações indisfarçadas de desejos. Mas, nos casos em que a realização de desejo é irreconhecível, em que é disfarçada, deve ter havido alguma inclinação para se erguer uma defesa contra o desejo; e, graças a essa defesa, o desejo é incapaz de se expressar, a não ser de forma distorcida. Tentarei encontrar uma distorção semelhante de um ato psíquico na vida social. Onde podemos encontrar uma distorção semelhante de um ato físico na vida social? Somente quando há duas pessoas envolvidas, e uma das quais possui certo grau de poder que a segunda é obrigada a levar em consideração. Nesse caso, a segunda pessoa distorce seus atos psíquicos, ou, como se poderia dizer, dissimula. A polidez que pratico todos os dias é, numa grande medida, uma dissimulação desse tipo; e quando interpreto meus sonhos para meus leitores, sou obrigado a adotar distorções semelhantes. O poeta se queixa da necessidade dessas distorções, com as palavras:
Das Beste, was du wissen kannst, Darfst du den Buben doch nicht sagen. [O melhor que alcanças saber não podes dizer aos meninos] (Freud, 1996c, p. 157).
Há uma nota do editor que esclarece:
Mefistófeles, em Fausto, de Goethe, parte I, cena 4 – Esta era uma das citações favoritas de Freud. Volta a mencioná-la no volume 5, página, e já o havia feito em suas cartas a Fliess de 3 de dezembro de 1897 e em 9 de fevereiro de 1898; e, faria al final de sua vida, quando recebeu o prêmio Goethe em 1930, a aplicou ao próprio Goethe. (Strachey) (Strachey, 1996c, p.157).
Goethe, Fausto
10/11/2025 00:00