Freud, Sigmund (1996c). A interpretação dos sonhos. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. IV. Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1900).
A citação encontra-se em “A interpretação dos sonhos”, no capítulo I, intitulado “A literatura científica que trata do problema dos sonhos, seção (G) - Teorias do sonhar e de sua função”, página 112. Freud se utiliza da citação para tratar da forma como os estímulos externos invadem os sonhos.
A aplicação do termo “somático” aos sonhos, grifado pelo próprio Binz, tem mais de um sentido. Alude, em primeiro lugar, à etiologia dos sonhos que pareceu particularmente plausível a Binz quando ele estudou a produção experimental de sonhos mediante o emprego de substâncias tóxicas. Isso porque as teorias dessa natureza envolvem uma tendência a limitar a instigação dos sonhos, tanto quanto possível, às causas somáticas. Colocada em sua forma mais extrema, a visão é a seguinte: Uma vez que adormecemos pela exclusão de todos os estímulos, não há necessidade nem ocasião para sonhar senão com a chegada da manhã, quando o processo de ser gradualmente acordado pelo impacto dos novos estímulos poderia refletir-se no fenômeno do sonhar. É impraticável, contudo, manter nosso sono livre dos estímulos; eles incidem na pessoa adormecida vindos de todos os lados - como os germes de vida de que se queixava Mefistófeles -, vindo de fora e de dentro,e até de partes do corpo que passam inteiramente despercebidas na vida de vigília. Assim, o sono é perturbado; primeiro uma parte da mente é abalada e despertada, e depois, outra; a mente funciona por um breve momento com sua parte desperta e, então, alegra-se em adormecer de novo. Os sonhos são uma reação à perturbação do sono provocada por estímulo - uma reação, aliás, bastante supérflua (Freud, 1996c, p. 112, grifos do original).
Há uma nota do editor que contém a tradução dos versos mencionados por Freud:
“Seja na água, na terra ou mesmo nos ares, / Os brotos surgem aos milhares, / No seco, no úmido, no quente ou no frio” / Sem reservar a chama para mim, / Eu não seria quem sou, seria meu fim” Goethe, Fausto, parte I cena 3” (Strachey, 1996c, p. 112).
Goethe, Fausto
10/11/2025 00:00