As noivas de Messina - 4ª referência

Freud, Sigmund (1996t). Além do princípio do prazer. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. XVIII. Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1920).

A citação encontra-se em “Além do princípio do prazer” (1920), no capítulo VI, página 56. Freud questiona a assunção da morte como um fenômeno natural a qual todos estão destinados. Levanta a possibilidade de adoção de tal crença como um consolo que torna mais fácil a aceitação de cada um de seu destino mortal e assim sua própria existência. É nesse sentido que cita as palavras de Schiller.

Voltemo-nos, então, para uma das suposições já feitas por nós, na expectativa de podermos dar-lhe uma negação categórica. Tiramos conclusões de longo alcance da hipótese de que toda substância viva está fadada a morrer por causas internas. Fizemos essa suposição assim descuidadamente porque ela não nos parece ser uma suposição. Estamos acostumados a pensar que esse é o fato, e somos fortalecidos em nossas reflexões pelos escritos de nossos poetas. Talvez tenhamos adotado a crença porque existe nela um certo consolo. Se temos de morrer, e primeiro perder para a morte aqueles que nos são mais caros, é mais fácil submeter-se a uma lei impiedosa da natureza, à sublime ‘Atagkh’[Necessidade], do que a um acaso de que talvez pudéssemos ter fugido. Pode ser, contudo, que essa crença na necessidade interna de morrer seja apenas outra daquelas ilusões que criamos ‘um die Schwere des Daseins zu ertragen’¹. Decerto não se trata de uma licença primeva. A noção de ‘morte natural’ é inteiramente estranha às raças primitivas; atribuem toda morte que ocorre entre elas à influência de um inimigo ou de um espírito mau. Devemos, portanto, voltar-nos para a biologia, a fim de testar a validade da crença.

1 [‘Para suportar o fardo da existência.’ (Schiller, Die Braut von Messina, I, 8.)] (Freud, 1996t, p. 56, grifo do original).

As noivas de Messina

06/11/2025 00:00