Referências ao autor - 5ª referência

Freud, Sigmund (1996ll). Dostoiévski e o parricídio. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. XXI. Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1928[1927]).

citação encontra-se em “Dostoievski e o parricídio” (1928 [1927]), página 188 e refere-se à um dos traços de Dostoiévski distinguida por Freud, o de criminoso. Ele assim o considera devido ao material utilizado pelo escritor na construção de seus romances. O criminoso sempre ocupa um lugar central. A preferência por este tema e dados biográficos do escritor são destacados por Freud como um indício da presença de impulsos de natureza criminosa em seu psiquismo.

Assim sendo, é lícito perguntar por que ficar tentado a classificar Dostoievski entre os criminosos. A resposta é que isso provém não só de sua escolha de material, que isola de todas as outras personagens violentas, homicidas e egoístas, indicando assim a existência de tendências semelhantes dentro dele próprio, como também de certos fatos de sua vida, tais como sua paixão pelo jogo e sua possível confissão de um ataque sexual a uma garotinha. [...] A contradição é solucionada pela compreensão de que o instinto destrutivo muito intenso de Dostoievski, que facilmente poderia tê-lo transformado num criminoso, foi, em sua vida real, dirigido principalmente contra sua própria pessoa (para dentro, em vez de para fora), encontrando assim sua expressão como masoquismo e sentimento de culpa. Não obstante, sua personalidade reteve traços sádicos em abundância, os quais se mostram em sua irritabilidade, em seu amor de atormentar e em sua intolerância inclusive para com as pessoas que amava, aparecendo também na maneira pela qual, como autor, ele trata seus leitores. Assim, nas coisas mínimas, era um sádico para com os outros, e, nas maiores, um sádico para consigo mesmo, na verdade, um masoquista, vale dizer, a pessoa mais branda, bondosa e prestimosa possível (Freud, 1996ll, p. 188).

Literatura, Dostoiévski