Freud, Sigmund (1996ll). Dostoiévski e o parricídio. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. XXI. Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1928[1927]).
A citação encontra-se em “Dostoievski e o parricídio” (1928 [1927]), páginas 199-200. Refere-se à compulsão de Dostoiévski com o jogo da roleta. Este é um elemento fundamental na análise freudiana sobre o escritor russo, pois seu retorno compulsivo a mesa indica a presença de um intenso sentimento inconsciente de culpa, satisfeito mediante uma punição. Assim, era para perder que Dostoiévski jogava. Quando isso acontecia, ele se auto-depreciava e erigia altas exigências morais sobre si, encontrando a punição almejada. Freud reconhece a origem desta necessidade de punição no complexo de Édipo do escritor, devido ao intenso desejo parricida que este dirigiu ao seu pai.
A publicação dos documentos póstumos de Dostoievski e do diário de sua esposa lançaram uma luz ofuscante sobre determinada fase de sua vida, a saber, o período na Alemanha, quando se mostrou obcecado pela mania do jogo (cf. Fülöp-Miller e Eckstein, 1925), impossível de ser considerada senão como um acesso inequívoco de paixão patológica [...] [...) Ele nunca descansava antes de ter perdido tudo. Para ele, o jogo era também um método de autopunição (Freud, 1996ll, p. 199-200).
Literatura, Dostoiévski