Referências ao autor - 13ª referência

Freud, Sigmund (1996ll). Dostoiévski e o parricídio. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. XXI. Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1928[1927]).

A citação encontra-se em “Dostoievski e o parricídio” (1928 [1927]), páginas 195-196. A base da análise de Freud acerca da vida psíquica e do romance do escritor russo Os irmãos Karamázov, será a hipótese de que este era acometida por uma grave histeria. Suas intensas crises epilépticas, que surgiram ainda em sua infância, são reconhecidas como conversões histéricas. O reconhecimento da epilepsia como um sintoma neurótico leva o psicanalista a reconstruir o complexo de Édipo do escritor e o papel do pai em sua gênese.

Mas o caráter do pai permaneceu o mesmo, ou melhor, se deteriorou com os anos, e assim o ódio de Dostoievski pelo pai e seu desejo de morte contra esse pai malvado foram mantidos. Ora, é algo perigoso a realidade atender a tais desejos reprimidos. A fantasia tornou-se realidade e todas as medidas defensivas são imediatamente reforçadas. As crises de Dostoievski assumiram então um caráter epiléptico; ainda. indubitavelmente, significavam uma identificação com o pai como punição, mas se tinham tornado terríveis, tais como a própria morte assustadora do pai. [...] Uma coisa é digna de nota: na aura da crise epiléptica, um momento de felicidade suprema é experimentado. Pode bem ser um registro do triunfo e do sentimento de liberação experimentados ao escutar as notícias da morte, seguidos imediatamente por uma punição ainda mais cruel. Imaginamos exatamente essa sequência de triunfo e de pesar, de alegria festiva e de luto, nos irmãos da horda primeva que mataram o pai, e encontramo-la repetida na cerimônia totêmica. Se se provasse que, no caso de Dostoievski, ele se libertou de suas crises na Sibéria, isso simplesmente daria substância à opinião de que elas eram sua punição (Freud, 1996ll, p. 195-196).

Literatura, Dostoiévski