A vida dos outros

Um herói não precisa ser heróico para ser um herói

(Jacques Lacan)

Há uma cena no filme “A vida dos outros” (Das Leben der Anderen), do cineasta alemão Florian Henckel von Donnersmarck, que é marcante. Trata-se daquela em que Gerd Wiesler, vulgo HGW XX/7, agente da Stasi - a polícia política do regime comunista que vigorou na República Democrática Alemã desde o fim da II Guerra Mundial até a queda do muro de Berlim, em 1989 -, retorna para casa à noite após mais um dia de trabalho e liga o aparelho de televisão para assistir ao noticiário. 
Trata-se de uma cena quase patética, considerando o absurdo da situação. Segurando um prato de comida nas mãos o personagem assiste, impassível, à transmissão de notícias que ele, enquanto agente da polícia política alemã dita oriental, sabe de antemão terem sido manipuladas a critério e a gosto do Partido. 
É do interior de sua miséria que ele faz ato. Não se trata de uma atitude de deliberada insurgência contra o regime, mas de uma posição subjetiva que advém da possibilidade de, através da escuta clandestina em que consiste sua faina cotidiana, escutar uma palavra Outra, ser tocado por essa fala e, em consequência disso, agir. 


Texto completo você pode ler no pdf anexo.

https://psicanaliseliteratura.capile.net/arquivos/a-vida-dos-outros.pdf

Florian Henckel von Donnersmarck

Florian Henckel von Donnersmarck

Drama

Alemanha

137 minutos

Cinema