Rei Lear - 1ª referência

Freud, Sigmund (1996qqq). Delírios e sonhos na Gradiva de Jensen. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. IX. Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1907[1906]).

A citação encontra-se em “Delírios e sonhos na Gradiva de Jensen” (1907 [1906]), página 46. Neste trecho, Freud trata da criação poética/literária, admitindo não ser possível ter acesso à mente do autor para saber o mecanismo de sua criação. Compara a forma de “basear uma narrativa totalmente verossímil numa premissa improvável” na novela Gradiva, de Jensen, e na peça Rei Lear, de Shakespeare.

Todavia, já que as variações da forma humana não são independentes umas das outras, e já que mesmo nos tempos modernos reaparecem com frequência tipos antigos (como podemos comprovar pelo exame de obras de arte), não seria totalmente impossível que uma Bertgang da atualidade pudesse reproduzir a estrutura corpórea. Mas em vez de tecer tais conjecturas, seria sem dúvida mais sensato perguntar ao próprio autor de que fontes se originou essa parte de sua criação; talvez tivéssemos então uma boa oportunidade de mostrar mais uma vez como muitas coisas aparentemente arbitrárias na verdade obedecem a leis. No entanto, como não temos acesso a essas fontes ocultas na mente do autor, concedamos-lhe seu irrestrito direito de basear uma narrativa totalmente verossímil numa premissa improvável – um direito de que Shakespeare, por exemplo, também fez uso no Rei Lear (Freud, 1996qqq, p. 46).

Shakespeare, Rei Lear

08/11/2025 00:00