Freud, Sigmund (1996c). A interpretação dos sonhos. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. IV. Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1900).
A citação encontra-se em “A interpretação dos sonhos” (1900) no Capítulo I, intitulado “A literatura científica que trata dos problemas dos sonhos, seção (E) - Características psicológicas distintivas dos sonhos”. Refere-se à loucura fingida e “com método” de Hamlet para abordar que o sonho não é desrazão: há um trabalho implicado nele.
Sem dúvida, porém, estaremos aptos a constatar que não se deixou passar em contradição essa baixa estimativa do funcionamento psíquico nos sonhos - embora a contradição quanto a esse ponto não pareça nada fácil. Por exemplo, Spitta (1882, 118), um dos depreciadores da vida onírica, insiste em que as mesmas leis psicológicas que regem a vida de vigília também se aplicam aos sonhos; e outro, Dugas (1897a), declara que “le rêve n’est pas déraison ni même irraison pure”. Mas tais afirmações têm pouco valor, na medida em que seus autores não fazem nenhuma tentativa de conciliá-las com suas próprias descrições da anarquia psíquica e da ruptura de todas as funções que predominam nos sonhos. Parece, contudo, ter ocorrido a alguns outros autores que a loucura dos sonhos talvez não seja desprovida de método e possa até ser simulada, como a do príncipe dinamarquês sobre o qual se fez esse arguto julgamento. (Freud, 1996c, p. 87-88)
Shakespeare, Hamlet
08/11/2025 00:00