Complexo de Édipo - 68ª referência

A citação encontra-se em “Sexualidade feminina” (1931), capítulo I, página 240. Nesta citação, Freud abre mão do paralelismo entre o complexo de Édipo masculino e o feminino, reconhecendo que há uma peculiaridade neste último. Embora haja uma fase em que possa ser remetida ao complexo de Édipo masculino, há um segundo momento, onde a menina deve abrir mão da mãe enquanto objeto de amor e direcionar-se ao pai. Movimento ausente no Édipo do menino.

De uma vez que essa fase comporta todas as fixações e repressões a que podemos fazer remontar a origem das neuroses, talvez pareça que deveríamos retratar-nos da universalidade da tese segundo a qual o complexo de Édipo é o núcleo das neuroses. Se, contudo, alguém se sentir relutante em efetuar essa correção, não há necessidade de que a faça. Por um lado, podemos ampliar o conteúdo do complexo de Édipo de modo a incluir todas as relações da criança com ambos os genitores, e, por outro, levar na devida conta nossas novas descobertas dizendo que a mulher só atinge a normal situação edipiana positiva depois de ter superado um período anterior que é governado pelo complexo negativo. De fato, durante essa fase, o pai de uma menina não é para ela muito mais do que um rival causador de problemas, embora sua hostilidade para com ele jamais alcance a intensidade característica dos meninos. Há muito tempo, afinal de contas, já abandonamos qualquer expectativa quanto a um paralelismo nítido entre o desenvolvimento sexual masculino e feminino (Freud, 1996mm, p. 240).