Complexo de Édipo - 32ª referência

A citação encontra-se em “Uma criança é espancada - Uma contribuição a origem das perversões sexuais” (1919) no capítulo V, páginas 209-210. No artigo, Freud aponta que a segunda fase da fantasia de espancamento “O meu pai está me batendo” faz convergir o sentimento de culpa pelo desejo incestuoso e o próprio amor sexual, sendo tanto o castigo pela relação genital proibida quanto seu substituto, resultando na excitação libidinal ligada à fantasia e em seu escoamento através da masturbação.

Também podemos notar, de passagem, que a análise da perversão infantil tratada aqui é igualmente de grande ajuda na solução de um velho enigma – enigma que, na verdade, sempre perturbou aqueles que não aceitaram a psicanálise mais do que aceitariam os próprios analistas. Isto, ainda que, recentemente, até mesmo Bleuler [1913. Cf. Edição Standard Brasileira, Vol. VII, pág. 185 n., IMAGO Editora, 1972] tenha considerado importante e inexplicável o fato de que os neuróticos fazem da masturbação o ponto central de seu sentimento de culpa. Há muito presumimos que esse sentimento de culpa se relaciona com a masturbação da primitiva infância, e não com a da puberdade; e que, no essencial, deve-se ligá-lo não com o ato da masturbação, mas sim com a fantasia que, embora inconsciente, está na sua raiz – ou seja, com o complexo de Édipo (Freud, 1996r, p. 209-210).