Complexo de Édipo - 12ª referência

A citação encontra-se “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” (1905), no capítulo intitulado “As aberrações sexuais, subcapítulo (3) - Considerações gerais sobre as perversões, tópico - Duas conclusões”, em uma nota acrescentada em 1920, página 154. Freud ressalta a arbitrariedade da classificação das perversões como patológicas, apontando que esta se relaciona menos com o alvo sexual e mais com sua relação com a normalidade, destacando características como exclusividade e fixação como indicadores do traço patológico. O artigo de 1919, intitulado “Uma criança é espancada - Uma contribuição ao estudo da origem das perversões sexuais” esclarece a nota acrescentada em 1920 a respeito do complexo de Édipo. No artigo, Freud aponta que tanto a fantasia de espancamento quanto outras fixações perversas análogas seriam resíduos do complexo de Édipo, pois estas, em especial a fantasia de espancamento, relacionariam-se com o sentimento incestuoso de amor pelo pai (no caso das meninas, privilegiado na análise freudiana) e do sentimento de culpa relacionado aos desejos incestuosos.

Observamos ainda que algumas das perversões investigadas só se tornam compreensíveis mediante a convergência de diversos motivos. Se elas admitem uma análise – uma decomposição –, então devem ser de natureza composta. Com isso podemos ter um indício de que talvez a própria pulsão sexual não seja uma coisa simples, mas reúna componentes que voltam a separar-se nas perversões. A clínica nos alertaria, portanto, para a existência de fusões que perderiam sua expressão como tais na conduta normal uniforme.¹ (Freud, 1996f, p. 154).

Nota acrescentada em 1920:

Observo antecipadamente que, no tocante à gênese das perversões, há boas razões para supor que antes da fixação delas, exatamente como no fetichismo, teria havido um esboço do desenvolvimento sexual normal. A investigação analítica pôde mostrar, até agora em casos isolados, que também a perversão é um resíduo do desenvolvimento em direção ao complexo de Édipo, após cujo recalcamento reaparecem os componentes da pulsão sexual que eram mais fortes na disposição do indivíduo (Freud, 1996f, p. 154).